Papa saúda fiéis no começo da Audiência Geral. Foto: Daniel Ibáñez / ACI Prensa |
Com o
início de agosto, o Papa Francisco retomou a Audiência Geral das
quartas-feiras, após a pausa de verão, e dedicou sua catequese aos ídolos,
sobre os quais afirmou que, ao contrário do que muitos pensam, “tiram a vida”,
assim como dinheiro “rouba” e o “prazer” leva à solidão.
No
encontro, que aconteceu na Sala Paulo VI do Vaticano, o Pontífice disse que
adorar ídolos é “uma tendência humana que não poupa crentes, nem ateus”.
O Papa
assinalou que “os ídolos escravizam. Eles prometem felicidade, mas não a dão; e
nos encontramos vivendo para aquela coisa ou para aquela visão, presos em um
vórtice autodestrutivo, esperando por um resultado que não chega nunca”.
“O dinheiro rouba a vida e o prazer leva à
solidão. As estruturas econômicas sacrificam vidas humanas por lucros maiores.
Vive-se na hipocrisia, fazendo e dizendo o que os outros esperam, porque o deus
da própria afirmação impõe isso”.
“E vidas
são arruinadas – continuou –, famílias são destruídas e jovens são abandonados
nas mãos de modelos destrutivos”.
O Papa
alertou que “Os ídolos prometem vida, mas na realidade eles a tiram. O Deus
verdadeiro não tira vida, mas a dá. O Deus verdadeiro não oferece uma projeção
do nosso sucesso, mas ensina a amar. O Deus verdadeiro não pede filhos, mas dá
seu Filho por nós”.
“Os
ídolos projetam hipóteses futuras e fazem desprezar o presente”, entretanto, “o
Deus verdadeiro ensina a viver na realidade de cada dia”, disse o Pontífice.
Francisco
lançou algumas perguntas: “Quem é realmente o meu Deus? É o Amor Uno e Trino ou
é minha imagem, meu sucesso pessoal, talvez dentro da Igreja?”.
O Papa
explicou que Deus “está no centro da própria vida e dele depende o que se faz e
se pensa”. “Pode-se crescer em uma família nominalmente cristã, mas centrada,
na realidade, em pontos de referência estranhos ao Evangelho”.
“O mundo
oferece o ‘supermercado’ dos ídolos, que podem ser objetos, imagens, ideias,
papéis”, comentou.
Francisco
explicou, então, que um ídolo “é uma visão que tende a se tornar uma fixação,
uma obsessão. O ídolo é na verdade uma projeção de si mesmo em objetos ou
projetos”.
“Desta
dinâmica se serve, por exemplo, a publicidade: eu não vejo o objeto em si, mas
percebo o carro, o smartphone, aquele papel – ou outras coisas – como um meio
para realizar-me e responder às minhas necessidades essenciais”.
“E eu
procuro por ele, falo dele, penso nele; a ideia de possuir esse objeto ou de
realizar esse projeto, alcançando aquela posição, parece um caminho maravilhoso
para a felicidade, uma torre para alcançar o céu, e tudo se torna funcional
para esse objetivo”, explicou.
O Bispo
de Roma alertou que os ídolos “exigem um culto, exigem rituais” e diante deles
“prostra-se e sacrifica-se tudo”, e citou alguns exemplos atuais.
“Nos
tempos antigos, sacrifícios humanos eram feitos para os ídolos, mas também
hoje: pela carreira se sacrificam seus filhos, negligenciando-os ou simplesmente
não os gerando; a beleza exige sacrifícios humanos; a fama exige a imolação de
si mesmo, da própria inocência e da autenticidade”.
Por
último, Francisco convidou a “reconhecer as próprias idolatrias”, o que já é
“um início da graça e coloca no caminho do amor”. “Para amar verdadeiramente, é
preciso ser livres de todos os ídolos”.